quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sob a Sombra da Utopia

Neste mundo insano, a humanidade é escrava de papéis e dígitos, vive por eles e para eles. Não há mais pessoas, mas sim números, contas bancárias.
Alguns que não se incluem nesse seleto grupo são tratados como aberrações pelos ditos “normais”. Tudo isso acontece de modo oculto em um mundo que vive sob a sombra de uma terra utópica.
Nota-se duas extremidades, enquanto os “normais” aumentam os seus padrões de vida com o avanço tecnológico, os excluídos só fazem regredir os seus.
Os favorecidos vivem uma falsa ilusão de igualdade, como se habitassem uma ilha, assim, isolados dos problemas que atingem a sociedade.
A diferença em seu pleno desenvolvimento se mostra clara. Vários fatores contribuem para que isso ocorra cada vez mais. A corrupção dos representantes do povo, os governantes, que defendem o interesse da elite, de modo que a maior parte da população continua sem ver os frutos dos seus esforços.
Em um lugar onde há enorme possibilidade de crescimento e local para todos falta apenas que tenham a consciência de humanidade como um todo e também noção de igualdade.
Assim, a situação atual poderia ser mudada, a globalização se tornaria mais forte e a “máquina mundo” continuaria a girar tendo como combustível o capital, que estaria na mão de todos. Quem sabe, assim, os homens veriam o mundo com outros olhos.
.............Caos, confusão. Uma dor terrível me assola, sinto como se estivesse sendo dilacerado. Não uma dor física, nem poderia, não sinto o meu corpo. Mas uma dor psíquica, na mente, meus pensamentos e lembranças parecem estar sendo tirados de mim, sinto como se não houvesse nada mais.

Vácuo, vazio, é apenas isso que está presente aqui, neste espaço branco, branco, para qualquer lugar que se olha é apenas isso que se vê, um branco sem dimensão e infinito em sua pureza. Estranho, já não sinto mais a dor, mas a confusão ainda está me afligindo. Imagens randômicas aparecem, lembranças e pensamentos de alguém que não conheço, estranhos, fatos que tenho certeza de não ter vivido. Como posso ter certeza de algo? Nem ao menos sei quem sou, NÃO SEI QUEM SOU. Estou perdido. Perdido, sozinho e desesperado, a angustia faz com que eu me sinta mais físico, mais conectado, e menos astral. O espaço começa a tomar forma, a ficar mais concreto, já posso sentir o frio, frio que queima, dor física.

Não sei o que fazer, queria apenas... Apenas sumir, morrer, inexistir, tanto para os outros como para mim. Já é possível visualizar uma porta, em todo o branco uma porta toma forma, tento me mecher, levantar, se é que estou deitado, mas não consigo, é impossível. Estou preso ao meu desespero, à minha vergonha, ao meu medo. Medo que não me deixa sair, me libertar. Mas o destino conspira ao meu favor, a porta começa a se abrir, lentamente, mas a se abrir. Já posso sentir meu coração pulsando, a respiração acelerada. A porta se abre quase que por inteiro, mas ao invés de entrar luz, a sala se preenche de escuridão, escuridão que mesmo contra todas as tentativas do meu inconsciente me faz começar a voltar...